POR QUE O LEITE MATERNO E A FÓRMULA INFANTIL NÃO SÃO IGUAIS?

Fórmula é o mesmo que leite materno?

Muitas pessoas, incluindo profissionais de saúde, insistem que não há diferença entre o leite materno e as fórmulas, ainda mais agora que tantas “melhorias” foram feitas nas fórmulas e ingredientes que antes faltavam foram adicionados. No entanto, no nível bioquímico, elas são diferentes; nenhuma fórmula chega nem perto do leite materno. Se você olhar a lista de ingredientes de uma lata de fórmula, verá que o leite materno contém muito mais “ingredientes” – e ingredientes importantes. O leite materno contém células vivas, células-tronco, células brancas, fatores imunológicos e anticorpos que não podem ser adicionados ao leite artificial. E isso é apenas o começo. Além disso, alguns compostos da lista de ingredientes da fórmula são indesejáveis como níveis tão elevados que são inaceitáveis de alumínio, arsênio e cádmio (veja abaixo).

A maioria das pessoas diria imediatamente que o leite de vaca em pó reconstituído com água não é o mesmo que leite fresco. Mas muitas outras têm uma necessidade, até emocional, de acreditar que dar fórmula é a mesma coisa que amamentar.

A fórmula e o leite materno não são nada iguais, nem próximos.

A propaganda das empresas de fórmulas infantis tenta há anos convencer os pais e os profissionais de saúde de que suas fórmulas são iguais ao leite materno. A foto 1 mostra um anúncio do final da década de 1890, que diz, em francês, “Amamentação por Leite Artificial”, mas usa a palavra em francês normalmente usada para “amamentar” (allaitement). Espertinhos, não?

 

Formula just like mother's milk?Foto 1. Os fabricantes desta fórmula acreditavam que seu produto é exatamente igual ao leite materno. Sério? Eles realmente acreditavam nisso?

E o que mais isso diz? “Le seul lait stérilisé identique à celui de la femme”: “O único leite esterilizado idêntico ao leite de mulher”!!!! A propósito, o leite materno não é estéril e contém muitas bactérias diferentes. Estudos mostraram que várias centenas de tipos de bactérias são normalmente encontradas no leite materno, embora nem todas nos leites de todas as mães individualmente. A presença de bactérias também é importante e não é ruim: na verdade é bom para o desenvolvimento adequado do microbioma do bebê (flora intestinal). Não há com que se preocupar.

Existem hoje vários anúncios semelhantes aos daquela época e, dessa forma, no início do século 20, a fórmula estava sendo amplamente anunciada como sendo igual ao leite materno. Essa propaganda enganosa foi essencial para a fabricante de fórmula – de outra forma seria difícil convencer as pessoas a usar a fórmula além de em situações especiais em que são indicadas por um médico, mas também em qualquer outra situação, sendo usada desnecessariamente em larga escala como é atualmente. O fato da fórmula ser “igual ao leite materno” se tornou inclusive uma forma para os fabricantes de fórmula competirem entre si usando jargões como “mais parecido com o leite materno do que nunca”.

 

O que a próxima foto nos diz?


Formula is not breastmilkFoto 2. As fórmulas são “melhoradas” o tempo todo, mas nunca igual ao leite materno

O anúncio afirma que “a nossa fórmula” existe desde os tempos da sua tataravó, provavelmente para sugerir que esta empresa tem muita experiência na produção delas. O anúncio lista todas as melhorias que o fabricante fez desde então. Mas este anúncio foi impresso na década de 1990:

• Antes do DHA (ácido docosahexaenóico) e do ácido araquidônico (ARA), compostos que sempre estiveram presentes no leite materno, serem adicionados às fórmulas – e a adição foi feita somente após a publicação deste anúncio. Agora que foram esses compostos são adicionados às fórmulas, não há evidências de que funcionem igual de quando estão no leite materno. Apenas adicionar ingredientes à fórmula não significa que será da mesma forma que no leite materno.

• Antes do teor de proteína das fórmulas ser reduzido por causa das evidências de que o excesso de proteína aumentava o risco de obesidade infantil. Ainda assim, mesmo agora, as fórmulas contêm muita proteína, em comparação com o que o bebê absorve do leite materno. Os estudos conseguiram convencer até mesmo os fabricantes de fórmulas para reduzirem a quantidade de proteína em seus compostos. Mas em vez de dizer “desculpe, não sabíamos”, eles usam a quantidade reduzida de proteína para dizer como as novas fórmulas são maravilhosas.

• Antes dos nucleotídeos serem adicionados à fórmula (também deram grande importância a isso na década de 1990, embora ainda não se conseguiu provar a importância da ação de nucleotídeos na fórmula). Os nucleotídeos sempre estiveram no leite materno. Lembro-me de uma reunião no Hospital da Criança Doente (Hospital for Sick Children) onde um dos pediatras, especialista em nutrição infantil, falou sobre a importância dos nucleotídeos nas fórmulas. Quando questionado por um dos pediatras se os nucleotídeos eram realmente importantes, ele afirmou que definitivamente era, muito importante, sugerindo que era uma mudança revolucionária. E por que não ouvimos falar de nucleotídeos na fórmula agora? Basicamente porque a revolução foi um fracasso.

• Antes dos oligossacarídeos, os tão elogiados prebióticos, serem adicionados às fórmulas – e os fabricantes de fórmulas fizeram um alarde por isso na última década. Os oligossacarídeos sempre estiveram no leite materno.

• Antes que os probióticos fossem adicionados às fórmulas – e as mães compravam por fora para dar aos seus bebês. O leite materno sempre conteve probióticos.

• Antes da maioria das “fórmulas especiais” serem “soluções” para coisas como “regurgitações” e “alergia”.

Pense no que tudo isso significa. Significa que as fórmulas que eram anunciadas como “iguais ao leite materno” na década de 1890 e também na década de 1990 continuaram sendo “aprimoradas” de várias maneiras desde então. Significa que se essas mudanças foram tão importantes para a saúde dos bebês atuais, o que dizer sobre todos os bebês que receberam as fórmulas anteriores, “não aprimoradas”, desde a época de sua tataravó? Eles recebiam fórmulas inadequadas e provavelmente até prejudiciais.

E quanto a todas aquelas dezenas, talvez centenas de outros compostos do leite materno que não foram adicionados e que provavelmente nunca serão? Esses compostos ainda não foram descobertos? O leite materno é muito complexo, vivo, fluido, cujas substâncias interagem umas com as outras no leite materno para melhorar a absorção de compostos desejáveis com função de aumentar a função imunológica, diminuir a inflamação, ajudar a reparar danos às células e muito mais. Estamos apenas começando a entender o quão complexo o leite materno é conforme novos ingredientes são descobertos e estudados. Por exemplo, todo mundo sabe que existem anticorpos no leite materno. Mas há outros fatores imunológicos presentes além de anticorpos. E esses interagem entre si e trabalham juntos para ajudar a proteger o bebê.

Vamos começar dizendo que o leite materno é único, feito exclusivamente por uma mãe para seu bebê, também único

Sim, é verdade, toda mãe faz um leite diferente de outra mãe. Isso porque, como todos os fluidos fisiológicos (sangue, por exemplo), o leite varia de pessoa para pessoa e de um dia para o outro, e até no mesmo dia. Por exemplo, a quantidade de sódio no sangue pode variar muito, fisiologicamente, em até 15%, dependendo da sede materna, da quantidade de sódio do almoço e de outros fatores, por exemplo.

Sabemos também que o colostro, o primeiro leite, é diferente do leite maduro, o que consideramos o leite materno “verdadeiro”. Eles são muito diferentes, até na aparência. Mesmo assim, os fabricantes de fórmulas e alguns médicos nos dizem que a fórmula é um bom leite para os bebês desde os primeiros dias. Ninguém parece sequer questionar. Ainda oferecem em quantidades que excedem em muito o que o bebê receberia do seio. Mais não é necessariamente melhor.

Além dos tão proclamados nucleotídeos, que desempenham um papel muito menor na proteção do bebê contra infecções, as fórmulas não contêm mais nada de proteção contra infecções. Os anticorpos são apenas um dos muitos fatores imunológicos presentes no leite materno que não estão presentes nas fórmulas. O leite materno contém lactoferrina, tão importante para a imunidade que os fabricantes estão tentando descobrir como incluí-la em seus produtos. O leite materno também contém os seguintes fatores imunológicos: lisozima (enzima que ataca as bactérias e as mata ao destruir sua parede celular), mucinas, lactaderina, fator bífido e muitas outras. Provavelmente vários outros ainda não foram descobertos. Os fatores imunológicos não são estáticos: eles atuam em conjunto numa bela harmonia, como os instrumentos de uma orquestra, em reação às várias bactérias, vírus e fungos aos quais o bebê está exposto. Esta é a imunidade adaptativa, uma imunidade específica ao que está no ambiente do bebê, que, é claro, inclui o ambiente da mãe. Mesmo que os fatores imunológicos pudessem ser adicionados às fórmulas, eles não poderiam ajudar tanto como o fazem no leite materno. Eles não seriam capazes de reagir à infecção, porque é a mãe, por meio do seu leite, que produz esses fatores imunológicos específicos em resposta à infecção. O leite materno é um líquido vivo e dinâmico.

O leite materno contém alfa-lactoalbumina, que, na presença da gordura no estômago do bebê, é transformada em HAMLET (alfa lactalbumina humana letal para as células tumorais) – sem relação com o Príncipe da Dinamarca – que exerce ampla atividade antitumoral.

E o leite materno varia de manhã à noite, de dia a dia, de semana a semana. Por causa disso, ele nunca será copiado por nenhuma fórmula.

Além disso, o leite materno está repleto de fatores antiinflamatórios que diminuem a reação inflamatória do bebê. A inflamação pode causar danos aos tecidos e ocorre como resultado da “batalha” de fatores imunológicos contra bactérias ou vírus. Além dos fatores antiinflamatórios e do grande número de bactérias “boas” no trato intestinal do bebê amamentado, o leite materno ajuda a prevenir essa inflamação que ocorre quando os fatores imunológicos lutam contra os micróbios. Dessa forma, o leite materno diminui o risco de danos aos tecidos intestinais e, provavelmente, é uma das razões pelas quais bebês prematuros amamentados têm menor probabilidade de desenvolver uma condição séria e potencialmente fatal, chamada enterocolite necrosante.

Existem dezenas, senão centenas de fatores imunológicos e outros componentes importantes do leite materno que não estão presentes nas fórmulas. Só para mencionar mais dois: o primeiro é um importante fator imunológico recentemente descoberto chamado membranas de glóbulos de gordura do leite. Oh, isso é coisa nova e as empresas de fórmula estão trabalhando muito para incluir essa substância em seu leite. Se conseguirem, nos dirão a importância desse fator imunológico, esperando que esqueçamos que todas as outras fórmulas anteriores a essa não tinham essa substância. E o outro? Células-tronco! A mente fica pasma pensando como as células-tronco do leite materno poderiam ser usadas para ajudar na medicina clínica.

Veja meu artigo na Scientific American de 1995. O artigo explica como a amamentação protege os bebês contra infecções e por que é importante mantê-los amamentando quando a mãe tem uma infecção, incluindo a infecção mais comum, que recebo e-mails o tempo todo sobre, a do Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA). Sim, a mãe doente protege seu bebê se continuar a amamentar. As fotos a seguir do meu artigo mostram como a amamentação protege o bebê quando a mãe é infectada.

Exposing a breastfeeding mother to an infectious agent results in her milk containing antibodies to that microbe.Foto 3: Quando uma mãe é exposta a um vírus ou bactéria, células especiais chamadas células M absorvem a bactéria ou vírus e enviam informações à outras células que irão para a mama produzir anticorpos específicos para esta infecção no leite materno.

Breastfed babies are protected by breastmilk.Foto 4. Anticorpos específicos são secretados no leite e ajudam a proteger o bebê contra a infecção a que a mãe foi exposta.

Também assunto do momento é o microbioma: todas as bactérias que fazem parte de você, não apenas no trato gastrointestinal. Bebês alimentados com fórmula e bebês amamentados com leite materno têm bactérias muito diferentes em seus intestinos e restante do corpo. E que diferença isso faz? O microbioma pode determinar:


• O desenvolvimento da criança incluindo neurológico e cognitivo
• Função imune
• Proteção contra vários patógenos
• Função digestiva
• Níveis de estresse
• E quem sabe o que mais? Estamos apenas começando a descobrir os segredos sobre a diferença que seu microbioma faz

Como um artigo sugere
• “Estamos apenas começando a perceber os potenciais benefícios para a saúde que podem ser obtidos nos domínios do diagnóstico, prevenção e tratamento. Esperamos com grande expectativa essa leitura transformada de como nossa riqueza microbiana durante o início da vida prima pela saúde na idade adulta”.

Com relação ao desenvolvimento do cérebro, um artigo interessante foi publicado em 2013. Os autores fizeram ressonância magnética (MRI) em crianças de 10 meses a 4 anos e compararam o desenvolvimento da substância branca do cérebro em bebês amamentados com leite materno com aqueles alimentados com fórmula e observaram como a duração da amamentação influenciava o desenvolvimento dela. O que eles descreveram? “Crianças amamentadas com leite materno tiveram maior desenvolvimento de substância branca em regiões frontais e de associação do cérebro em maturação posterior. Relações positivas entre a microestrutura da substância branca e a duração da amamentação também são exibidas em várias regiões do cérebro, que são anatomicamente consistentes com as melhorias observadas nas medidas de desempenho cognitivo e comportamental. Embora os mecanismos subjacentes a essas diferenças estruturais permaneçam obscuros, nossos resultados fornecem uma nova visão sobre as primeiras vantagens de desenvolvimento associadas à amamentação, e sustentam a hipótese que componentes do leite materno promovem crescimento neural saudável e desenvolvimento de substância branca”.

Existem substâncias na fórmula que não deveriam estar lá?

Claro, aqui está uma citação de um artigo sobre alumínio em fórmulas. Os autores, Shelle-Ann M Burrell e Christopher Exley afirmam: há (ainda) muito alumínio nas fórmulas infantis BMC Pediatrics 2010; 10:63. Os autores não são radicais enlouquecidos da amamentação. Em seu artigo, eles escrevem “As fórmulas para bebês são essenciais para as necessidades nutricionais de bebês prematuros e a termo”. Bem, eu discordo que as fórmulas infantis sejam essenciais para as necessidades nutricionais destes. O seio materno é integral sim, mas não a fórmula. Mas então eles dizem “Embora se saiba há décadas que as fórmulas infantis estão contaminadas com quantidades significativas de alumínio, há poucas evidências de que os fabricantes considerem isso um problema de saúde. O alumínio não é um metal essencial e está associado a doenças humanas. Há evidências de toxicidade imediata e tardia em bebês, especialmente em prematuros, expostos ao alumínio, e acreditamos que ainda há muito alumínio nas fórmulas infantis”.

Para aqueles que gostam de alimentos exóticos, descobriu-se que as fórmulas infantis contêm:
Partes de besouro e suas larvas
Pedaços de vidro
Aparas de metal
Melamina – devido à adulteração de leite por pessoas gananciosas, resultando em muitos bebês gravemente doentes na China

Os humanos erram?

Claro que sim. E ao longo dos anos, houve dezenas de recalls de fórmulas devido a erros cometidos em sua fabricação. Aqui estão alguns exemplos

Mistake in making formulaFoto 5. Erros podem ser muito graves para o bebê.

E o arsênico na fórmula? Esta história, muito mais recente do que a dos bebês em Israel, de outubro de 2017, afirma que 80% das fórmulas infantis nos EUA contêm quantidades mensuráveis de arsênico. E cádmio também, que também é preocupante.

Em dezembro de 2017, salmonela na fórmula resultou em um recall mundial do produto pelo seu fabricante Lactalis.

E então? A fórmula é igual ao leite materno?

Que declaração inacreditável! Qualquer um que diga tal coisa ignora completamente a bioquímica do leite materno e da fórmula e não sabe do que está falando ou simplesmente está dizendo um absurdo por razões políticas. Como as fórmulas e o leite materno são tão diferentes, eles têm efeitos muito diferentes no bebê e na mãe. Apenas parecer a mesma coisa não torna a fórmula verdadeiramente igual ao leite materno.

E essas diferenças não fazem diferença para o bebê ou para a mãe? Os estudos não provam que haja diferença entre bebês com leite materno e com fórmula. O que isso significa? Aqui está a verdade: você não pega o normal e fisiológico e tem que provar que é melhor que o artificial. A amamentação com fórmula é uma intervenção e, em termos médicos, você deve provar que uma intervenção é segura e benéfica antes que possa ser recomendada.

“Mas nem todas as mulheres podem amamentar exclusivamente …”

Então, sim, e as mulheres que não podem amamentar exclusivamente? Na verdade, a maioria das mulheres hoje em dia “não pode amamentar” porque sua capacidade de fazê-lo é prejudicada. Rotinas hospitalares em torno do trabalho de parto e nascimento, separação de mães e bebês, introdução precoce de mamadeiras e conselhos inadequados de profissionais de saúde resultam em tantas mães que “não podem amamentar” e desapontadas com a amamentação quando deveriam direcionar sua decepção para nosso sistema médico. Se elas tivessem partos normais e boa ajuda desde o início, a maioria teria muito sucesso na amamentação.

Pelos motivos acima, a amamentação tem fama de ser difícil, cansativa e dolorosa, quando, na verdade, não deveria ser assim para a maioria das mães. Quando a amamentação funciona como deveria é fácil, relaxante e indolor.

E as mães que não podem amamentar por causa de certa infecção ou outras doenças que possam ter? As mães ouvem que não podem amamentar com frequência e muitos médicos pensam que eles estão fazendo um favor a elas dando-lhes uma desculpa para parar de amamentar. Frequentemente, o pensamento médico é que a amamentação é um fardo e que as mães vão gostar de saber que não precisam carregá-lo. Quase nunca as mães precisam de fato parar de amamentar e, se tivessem boa ajuda e incentivo, não teriam achado a amamentação um fardo.

Na verdade, meus queridos médicos, a maioria das mulheres quer amamentar e muitas vezes são impedidas por informações incorretas sobre amamentação e doenças ou medicamentos. Quase nunca as mães precisam parar por essas razões – o HIV, por exemplo, não é mais uma razão para não amamentar, nem muitas outras infecções virais ou bacterianas. Fazer uma cirurgia não é motivo para parar ou mesmo interromper temporariamente a amamentação na maioria das vezes. E as mães que não podem amamentar por causa dos medicamentos que tomam? Raramente precisam parar por causa deles e frequentemente é possível, quando um medicamento é de verdade preocupante, sugerir outros medicamentos similares que sejam compatíveis com a continuidade da amamentação.

Mas é verdade que, mesmo se tivéssemos trabalho de parto e parto perfeitos para todas as mães, com suporte perfeito logo após o parto e continuado após o pós-parto imediato, algumas mães – uma pequena porcentagem – ainda assim não conseguiriam mamar exclusivamente. Nem todas as doenças permitirão que as mães continuem a amamentar e nem todos os medicamentos tomados pela mãe são seguros para o bebê. Algumas doenças em bebês fazem com que eles não possam ser amamentados, geralmente erros inatos raros do metabolismo como a galactosemia com níveis muito baixos de enzimas infantis.

Apesar disso, a maioria das mães e bebês poderiam evitar o uso da fórmula se nos concentrássemos no desenvolvimento de um sistema extenso de bancos de leite materno para que todas as mães que precisam de leite materno, mas não produzem o suficiente, tenham acesso a ele. Todo hospital deve ter um banco de leite materno da mesma forma que os bancos de sangue. Não diga que não é factível. Se você tivesse feito o mesmo questionamento em 1917 sobre bancos de sangue, teria ouvido que não era possível ter sangue disponível para todos que precisam dele. É uma questão de saber se o leite materno é visto como uma prioridade e se realmente entendemos como ele e a fórmula são diferentes.

Quando se fala de mulheres que “não podem” amamentar, muitas vezes não é mencionado o quão pouco é feito para ajudá-las na amamentação e para aumentar sua produção de leite. Se uma mulher suplementa, ela deve ser informada sobre todas as suas opções – não apenas a fórmula, mas o leite materno do banco de leite e também o de um doador para que ela possa fazer uma escolha consciente. Além disso, ao suplementar de forma que não interfira na amamentação, ou seja, com um auxiliar de lactação junto ao seio, a mãe ainda está amamentando. É possível continuar a amamentar mesmo durante a suplementação e quando o bebê começa a introdução alimentar para chegar a um ponto em que a suplementação possa ser interrompida e o bebê seja amamentado e alimentado com alimentos sólidos como qualquer outro.

Mais uma coisa por último mas não menos importante. O ato de amamentar é diferente da amamentação com a mamadeira. A amamentação ao seio é uma relação íntima, física e emocional entre duas pessoas apaixonadas. E para isso, não é necessário ter um estoque completo.

Para um vídeo interessante sobre como o leite materno é tão diferente.

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Copyright for the English original: Jack Newman, MD, FRCPC, Andrea Polokova, 2017, 2018, 2020

Copyright for the Portuguese translation: Jack Newman, MD, FRCPC, 2020

Translation to the Portuguese: Maria Luisa Silva Quintino (Brazil)